O homem largou os dedos nas cordas da guitarra e juntos assumiram o destino das viagens. E os dedos gravaram tudo. A sangue frio cortaram os pensamentos de todos. A música irradiou pelas janelas absortas, pelo chão submisso, pelo ar extasiado, pelas portas. Pelas portas que não abriam, pelas portas que se fechavam, pelas portas que não existam mas faziam as pessoas recuar.
Foi admirável ver o incómodo de quem não pediu música. Foi admirável ver o ódio de quem naquele momento não queria sonhar. De quem nunca está preparado e traz aquelas roupas que só vestem em público.
Ri-me tanto. Tanto que tive de parar de dançar. Sentei-me no chão e deixei-te só a ti a rodopiar e a desafiar os hábitos.
Quando os dedos do homem pararam, a guitarra olhou para ti. Foram os ciúmes mais cruéis que alguma vez tive.