Furava o rio com o rebuliço de imagens que lhe atravessavam a alma.
O barco amparava tudo, com abas de pai, leme de fé e tábuas de ouro. Dava para ver o seu pé, firme, a apontar o caminho a seguir, parecendo ser ele e não a corrente do rio, quem guiava o destino do barco.
O homem com pouca roupa, mas toda justa e arregaçada, lembrava-se de outras correntes daquele mesmo rio. Dias em que passeava nas margens e era dono de pedras, ramos, flores, poças, ausência, fome, futuro. Coisas que podiam ter várias formas mas que para ele era como se nunca mudassem dia após dia. Coisas tão diferentes mas que para ele tinham algo comum. Uma certeza. A de querer encontrar cada uma delas na tarde seguinte para depois de as ver ou sentir, regressar a casa e guardar cada uma numa noite de sonhos. Onde as via a passar, tal como hoje o vi fazer, de rosto erguido e peito abastecido, a levar o barco de visita a um passado que lhe continua a desenhar o leito do rio.
O barco amparava tudo, com abas de pai, leme de fé e tábuas de ouro. Dava para ver o seu pé, firme, a apontar o caminho a seguir, parecendo ser ele e não a corrente do rio, quem guiava o destino do barco.
O homem com pouca roupa, mas toda justa e arregaçada, lembrava-se de outras correntes daquele mesmo rio. Dias em que passeava nas margens e era dono de pedras, ramos, flores, poças, ausência, fome, futuro. Coisas que podiam ter várias formas mas que para ele era como se nunca mudassem dia após dia. Coisas tão diferentes mas que para ele tinham algo comum. Uma certeza. A de querer encontrar cada uma delas na tarde seguinte para depois de as ver ou sentir, regressar a casa e guardar cada uma numa noite de sonhos. Onde as via a passar, tal como hoje o vi fazer, de rosto erguido e peito abastecido, a levar o barco de visita a um passado que lhe continua a desenhar o leito do rio.
Miguel Alves
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