Havia fumo de uma vida enrolado nos decibéis negros e profundos. Uma vida que não era dele e que não queria que fosse dele. Tudo aquilo que saía de cada corpo se confundia com vidas. Vidas inteiras projectadas como o fumo daquele angustiante cigarro que o rodeava no momento que o vi e agarrei todo cenário. Óculos escuros desnecessários, tatuagens tão falsas quanto verdadeiras, gestos gritantes abafados por nenhuma vontade em os entender.
Vidas inteiras despejadas na noite, de dentro de uma cratera na lua, cubo de cimento onde pessoas davam pernas a livros, centenas de livros por encadernar.
Miguel Alves
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