quinta-feira, novembro 09, 2006

MenteQueVives - Sem espelho

O espelho não estava embaciado. Não pela falta de reacção quimica, mas pelo que não reflectia. O arranhar de lâmina a escanhoar o pelo, era impresso na perfeição como uma lista de compras, desejos. Não estava nú nem podia estar, com tanta pressa em acabar o aprumo matinal.
Mal terminou, interagiu com o resto dos objectos como se fossem mensageiros de uma ausência. O interruptor permaneceu parado, tal como antes de entrar. A única luz era interior e era só sua. Ao contrário da imagem que não lhe pertencia e que nem o espelho lhe podia devolver.

Miguel Alves

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