domingo, agosto 17, 2008

MenteQueVives - O carrinho que escolhemos

O puto queria descer a rampa com o carrinho que recebeu este ano. Queria descer tal como tinha feito o ano passado, com o outro carrinho. Desta vez chovia, a erva ao meio era mais pequena, uma das casas tinha uma cor diferente, as pernas dele eram maiores.
Estava decidido, mais até que no ano passado. Apesar de ser a primeira vez que ia descer com aquele carrinho.
O fundo da rampa estava na mesma. Pequeno visto de cima, infinito quando se pisava. Com a confiança de quem evolui, deixou de tocar o chão com o pé e sentiu as costas aumentar. A meio da rampa já não se lembrava do carrinho do ano passado. E foi já parado com sucesso, que voltou a pensar nele, quando sentiu as feridas que tinha nos joelhos.
Porém demorou a perceber, que tinha escolhido o carrinho deste ano, ainda no ano passado.

terça-feira, agosto 05, 2008

MenteQueVives - Desejo tatuado

Não era proibido atirar pensamentos mar adentro. Podia-se sentar e pôr os pés em cima das rochas. Não havia problema em tirar do sítio as areias. Era permitido alimentar o animal que andava à solta dentro dela.
Para não ser reconhecida como adulta bastava-lhe tocar o céu, sempre que uma voz a chamava de uma velha janela destorcida.
Esperava que uma estrela cadente sorrisse ao som dessa voz, para poder tatuar o desejo na manhã seguinte.

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