Sentado, corcovado, calvo, a sua silhueta quebrava a claridade da janela e escoava-a para dentro da caneta, diluia-a na tinta e escondia-a no papel. Quando passei, eu de lado, ele de lado, não percebi logo o que fazia.
Não reconheci as noites em branco que me abraçavam de dia, os dedos subornados que me aqueciam sempre no mesmo lugar de Inverno ou até mesmo os meus dias inteiros a sublinhar o seu destino.
Nas páginas e páginas que saltitavam naquela secretária havia um homem sentado, corcovado, calvo, cuja silhueta de tanto gritar por mim, acabou no meu peito aconchegada pela origem do meu fôlego.
Miguel Alves
Não reconheci as noites em branco que me abraçavam de dia, os dedos subornados que me aqueciam sempre no mesmo lugar de Inverno ou até mesmo os meus dias inteiros a sublinhar o seu destino.
Nas páginas e páginas que saltitavam naquela secretária havia um homem sentado, corcovado, calvo, cuja silhueta de tanto gritar por mim, acabou no meu peito aconchegada pela origem do meu fôlego.
Miguel Alves
1 comentário:
Podemos ler de várias maneiras este pequeno texto.
Gostei particularmente desta frase que passo a citar:
Não reconheci as noites em branco que me abraçavam de dia...
Beijo da
Pi
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