quarta-feira, setembro 20, 2006

MenteQueVives - Curriculum Vitae

Subia agora a rua da Igreja de mala a tiracolo e olhar empedrado na calçada portuguesa. Quando passava um carro só o vento lhe alterava por instantes o penteado, nada mais naquele corpo se alterava por mais objectos ou pessoas que figurassem naquela cena. Nada no corpo e na alma, dentro e fora estava estampada a raiva de mais uma entrevista de resultado vazio.
Só a segui por causa do rosto perfumado, pelo menos aos meus olhos, e pela presença de um rótulo, visível mal ouvi a sua voz.
Aquela atracção fez-me quase dar uma contribuição aos escuteiros que me acenavam calendários como moinhos de vento. Quase dei a contribuição, quase caí na calçada minada pelas primeiras chuvas de Outono, quase corri não fosse a BD vermelha dos semáforos, quase senti o cheiro a lavanda de um lavador de janelas, quase chamei um marroquino que entre relógios e óculos de sol amarrotava rosas vermelhas.
Quase que a contratara momentos antes, não fosse um parágrafo do seu Curriculum Vitae estar ainda apagado.

Miguel Alves

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